Nutrição: Bebidas nutrientes no exercício físico

Por: Dr. Miguel Naveira

As bebidas nutrientes, comumente utilizadas por praticantes de atividades físicas, são ingeridas antes, durante e depois do exercício na tentativa de melhorar as alterações induzidas pelo esporte, que possam afetar a homeostase e assim diminuir o desempenho.

Durante o exercício, o volume plasmático diminui como conseqüência da transpiração e da passagem de água do compartimento vascular para o espaço intersticial. O decréscimo no volume plasmático tem sido estimado em aproximadamente 2,4% para cada 15 de perda de peso corporal, ocorrendo através da desidratação aguda. Segundo Saltin e Costill, a hipohidratação resulta no decréscimo no débito cardíaco e no fluxo sanguíneo para braços e pernas, com conseqüente diminuição da capacidade aeróbica máxima.

A hipohidratação também aumenta o risco de distúrbio termorregulatório. A perda de 5% da água do corpo pode conduzir a uma exaustão de calor; a perda de 7% pode conduzir a alucinações; a perda de 10% pode ocasionar acidente vascular cerebral e óbito. Essas complicações ocorrem na maioria das vezes em indivíduos com excesso de peso, com má condição física e entre aqueles que não estão aclimatizados para exercícios em ambientes mornos e quentes.

Associado às alterações no volume de fluido no compartimento vascular, o exercício também pode acarretar alterações na composição eletrolítica do sangue. Os eletrólitos excretados no suor são: potássio, cromo, zinco, cobre, magnésio, ferro e fósforo.

O magnésio músculo-esquelético diminui com a hipohidratação, enquanto que o potássio muscular aumenta discretamente com a hipohidratação e com exercícios de ultra-resistência, mas diminui celsius com o exercício moderado e máximo de curta duração. As alterações relativas nas concentrações eletrolíticas de cálcio na membrana das células musculares são implicadas na fadiga muscular local.

O exercício moderado contínuo por mais de 90 minutos sem a reposição energética adequada pode acarretar insuficiência na produção de glicose hepática para manter a captação da glicose muscular, resultando na diminuição dos níveis de glicose sanguínea. A diminuição de carboidratos hepático e muscular é um fator significativo no desenvolvimento de fadiga durante os exercícios de resistência.

As bebidas nutrientes são ingeridas antes, durante e/ou depois da atividade física na tentativa de melhora do desempenho atlético, através da diminuição das alterações induzidas pelo exercício.

A ingesta de bebidas antes do exercício apresenta 2 objetivos: assegurar um volume plasmático adequado no início do exercício e para otimizar as concentrações de glicose sanguínea através do fornecimento de carboidratos. As bebidas devem então serem ingeridas entre 30 – 45 minutos antes da atividade física.

A maioria dos trabalhos científicos a respeito da utilização de bebidas energéticas durante a atividade física demonstraram que a ingestão de carboidratos durante os exercícios de resistência resulta na manutenção dos níveis de glicose sanguínea e manutenção do glicogênio muscular, retardando a fadiga e aumentando o desempenho físico. Bebidas geladas (5 – 15 graus Celsius), saborosas, que são consumidas voluntariamente em maiores quantidades que as bebidas mornas e sem sabor, são benéficas em esportes de resistência, durante as quais a perda substancial da água pode ocorrer. Uma vez que a glicose sanguínea cai durante o exercício prolongado, a adição de carboidratos em concentrações de 4% – 8% na bebida nutriente será útil. A adição de carboidratos dentro dessa variação de concentração tem demonstrado manter a glicose sanguínea nos estágios finais do exercício e assim aumentar o tempo de resistência durante os exercícios exaustivos.

O benefício da ingestão pós-exercício de bebidas nutrientes ocorre se estas bebidas melhorarem a recuperação do volume plasmático, eletrólitos e/ou depósitos de glicogênio após o stress físico. A vantagem de uma recuperação rápida pode ser observada em atletas competindo em torneios por um período de um ou poucos dias.

Tendo em vista que os distúrbios homeostáticos e a conseqüente diminuição do desempenho físico, variam de acordo com a duração, intensidade e tipo do exercício, nenhuma bebida nutriente é a melhor para todas as atividades físicas.